quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Literatura Brasileira: Das origens às Redes Sociais por Lin Quintino




Literatura Brasileira: Das origens às Redes Sociais










a poesia é


indivisível, parte da intimidade do homem, é “dom e fruto de um momento de graça”, que se


manifesta superando qualquer força humana.


Ungaretti (1994)








Gostaria de voltar um pouco no tempo e falar da Literatura no Brasil para situar melhor como esta foi se desenvolvendo ao longo da história. Aqui, ela aparece incentivada pelos jesuítas, depois do descobrimento durante o século XVI, ainda, bastante ligada, de princípio, à literatura metropolitana, ela foi ganhando independência com o tempo, iniciando o processo, durante o século XIX, com os movimentos romântico e realista e atingindo o ápice com a Semana de Arte Moderna em 1922, caracterizando-se pelo rompimento definitivo com as literaturas de outros países, formando-se, portanto, a partir do Modernismo e suas gerações as primeiras escolas de escritores verdadeiramente independentes.


A partir da Semana de Arte Moderna (1922), a poesia moderna busca um estilo estético e temático diferente (do estrangeiro) até então tido como modelo, mas procurando apresentar o homem do Século XX, enfronhado por um sistema político-capitalista dominador, e que vive em um espaço de contradições de valores, e acaba perdendo a sua identidade. Segundo PAES (1990),


Ao voltar-se para o cenário cotidiano, o poeta não quer vê-lo com os olhos da rotina. Propõe-se antes vê-lo com os olhos novos da ‘ignorância que descobre’, mesmo porque ‘a poesia é a descoberta das coisas que eu nunca vi’ [...]. Ver o já-visto como nunca-visto equivale a inverter radicalmente as regras do jogo, fazendo do cotidiano o espaço da novidade e do literário o espaço da rotina ou contenção.


Assim, a poesia moderna busca romper com o passado como fonte de inspiração e instala uma maneira diferente de expor os temas e as ideias que vão retratar o contexto do indivíduo e do Brasil, criando uma nova cara para a poesia brasileira. Conforme afirma DEL PICCHIA apud. COUTINHO, (1997), no discurso proferido por ele no segundo dia da Semana de Arte Moderna:


Queremos libertar a poesia do presídio canoro das fórmulas acadêmicas, dar elasticidade e amplitude aos processos técnicos [...]. Queremos exprimir nossa mais livre espontaneidade dentro da mais espontânea liberdade”. Criar uma poesia puramente nacional, com características representativas da sociedade brasileira, que no momento se encontra conturbada pelo avanço tecnológico e industrial. Uma poesia engajada, que represente e denuncie essa realidade estarrecedora.






É nesse cenário, então, que surge a poesia concretista, representada por Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de Campos e pelos poetas da segunda geração modernista brasileira, João Cabral de Melo Neto, Sousândrade e Oswaldo de Andrade, que dá por encerrada a tradição histórica do verso ritmo-formal, e, vai a expressão poética livre, a realidade humana.


A partir de 1970, a poesia se volta mais intensamente para o cotidiano brasileiro e se vê em meio à vertente das linhas tradicionais, como o regionalismo e o urbanismo, representados principalmente pelos consagrados Carlos Drummond de Andrade, João Cabral, Lygia Fagundes Telles, entre outros, e ainda da vertente da ruptura, formado por um grupo de escritores ecléticos, com referências existenciais, histórico-social e filosófico diferenciados. São autores que, com uma pluralidade de estilos poéticos e obras que incorporam a particularidade de cada autor, procuram representar, aos seus modos, a situação do país, como nos poemas de estilo: Poema-processo, Poesia-social, Tropicalismo, Poesia-marginal e Poesia-práxis, por exemplo, que descontentes com os valores poéticos tradicionais, buscam novos caminhos para retratar as tensões de um país sufocado pelas forças políticas repressoras. Descolam do domínio das teorias acadêmicas, e buscam explicar formalmente o homem e suas ações por meio de uma poesia tradicionalmente pré-estabelecida. São obras que, por meio de uma escrita que incorpora o verso livre e a licença poética, exploram tanto a norma culta, quanto à cotidiana.


Os poetas que assim agiram, passaram a viver às margens da Literatura Oficial, e começaram a construção de uma poesia espontânea. Dessa forma, o autor, por meio de sua escrita engajada, busca denunciar sua indignação, objetivando impactar a população e levá-la a uma reflexão a respeito de si mesma.


Segundo FRIEDRICH, (1978) a “poesia deixa de lado a particularidade do poeta e se rende ao esforço de interpretar o universo coletivo dos homens, tornando-se, portanto, um recurso para registro da história, assinalando a perda de sua gratuidade e o seu uso enquanto objeto de crítica à sociedade, que não tem como principal interesse fundar valores, mas criticar os valores já existentes e embutidos na sociedade.” Nomes como Armando Freitas, Ivan Junqueira e Paulo Leminsk, Manoel de Barros, Cora Coralina, Gilberto Mendonça Telles e Afonso Romano de Sant’Anna, que incorporaram a essa poesia uma gama de inovações temática e estética.


Também, merece destaque a poesia feminina, que praticamente excluída da cena vanguardista, encontra em Ana Cristina César e Leila Miccollis, Olga Savary, Marly de Oliveira e Adélia Prado, que não pertencem a nenhum grupo e representam um resgate para a poesia lírica brasileira, com obras voltadas unicamente para a subjetividade pessoal. Por meio de uma linguagem típica do feminino, representam poeticamente o universo cotidiano e o estado de alma propriamente do indivíduo feminino, que faz da inspiração poética algo que nasce da subjetividade, e, ao mesmo tempo, de fora, como uma forma de desabafo em função precisamente das circunstâncias exteriores. São mulheres que, segundo Vianna (1995), saem do confinado espaço das cozinhas e alcovas, espalham-se e apossam-se também das salas varandas, jardins e dividem com os homens espaços, ocupações e principalmente linguagens que eram antes inacessíveis, e ganham um novo espaço para expressar seus mais íntimos desejos. Como se pode ler no poema “Grande desejo”, de Adélia Prado (1991):


Não sou matrona, mãe de Gracos, Cornélia,


Sou mulher do povo, mãe de filhos, Adélia.


Faço comida e como.


Aos domingos bato o osso no prato pra chamar


o cachorro e atiro os restos. (...)





Ainda, temos produções literárias de alguns escritores brasileiros contemporâneos que, através de suas obras, cumprem com sua responsabilidade tanto no campo social quanto no campo de divulgar a Literatura e o poeta brasileiro, dentre eles destaco: Aline Romariz, Lu Narbot, Marco Hruschka, Alice Alba, dentre outros. Como se pode ler no poema “Meditação”, de Lú Narbot










Meditação


Agora eu tenho tempo de olhar lá fora


E ver o sol.


Mas já não há mais sol.


Por que é que na vida


Ou passamos correndo demais


E nada vemos,


Ou,


Quando paramos,


Nada mais há para se ver?






Mas, as mudanças continuam e a tecnologia trouxe, também, pra Literatura um novo campo, e o que percebe atualmente é um novo movimento que surge com as Redes Sociais. Podemos dizer que diante deste novo contexto, os poetas se mostram e se revigoram, e que estão mais perto da população, e têm mais facilidade de passar o seu recado. Notamos que ocorre, hoje, uma impressionante expansão das obras literárias que estão nos blogs e pelas redes sociais, ou se monitoram pelos celulares. O mundo inteiro se tornou virtual.


Enfim, as redes sociais vieram, entre outras coisas, para acender a vela da poesia nas almas e nos corações dos poetas. Até mesmo aqueles que, escondidos por razões diversas, não se mostravam, aos poucos vão se mostrando, e, de repente, eis, há mais uma poesia no ar, voando, são sonhos. E, como disse Raimundo Correia, em seu soneto "As Pombas": "Os sonhos, um por um, céleres voam, como voam as pombas dos pombais."






REFERÊNCIA






COUTINHO, Afrânio. (direção): COUTINHO, Eduardo de Faria (co-direção). A literatura no Brasil: Era Modernista. 4 ed. revista e atualizada. São Paulo: Global, 1997. Volume 5.


FRIEDRICH, Hugo. Estrutura da lírica moderna. Trad. Marise Curioni. São Paulo: Duas Cidades, 1976.


PAES, J.P. Cinco livros do modernismo brasileiro. In:______ A aventura literária: ensaios sobre ficção e ficções. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 63-93.


PRADO, Adélia. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991.


RAMALHO, Angela. A Poesia Brasileira Contemporânea. Disponível em: < http://anlppb.blogspot.com.br/2013/11/a-poesia-brasileira-contemporanea.html>. Acesso em 23 dez 2013.





SECCHIN, Antônio Carlos. Poesia e desordem: escritos sobre poesia & alguma prosa. Topbooks, 1996.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

“Poesia Contemporânea Brasileira” Por Michelle Zanin

“Poesia Contemporânea Brasileira”
 Vivemos o período da pós-modernidade, há uma tendência à negação dos valores modernos.
No mundo contemporâneo, vemos diversas transformações econômicas, políticas e tecnológicas que acabam por refletir diretamente na vida em sociedade, está havendo uma revolução em escala global.
 A cultura tende a ser massiva, torna-se uma mercadoria.
A literatura tornou-se popular, perdeu seu caráter tradicionalista, não sabemos o que está se formando no universo literário, ainda é muito cedo para traçar um cenário, dizer se estamos diante um período revolucionário que tende a marcar época e criar tendências.  Até os críticos mais conservadores tendem a ser céticos, há somente dúvidas e comparações, todos almejam entender o atual movimento literário, querem um período marcante que se iguale ao romantismo ou ao realismo.
A poesia, conhecida como uma das sete artes tradicionais, certamente é o gênero lírico que mais vem sofrendo com os impactos da mudança, se antes era necessário haver métrica para escrever um poema hoje a mesma necessidade já não existe.
A nossa atual conjuntura permite ao poeta uma ampla licença poética, há uma enorme flexibilização das regras textuais, até mesmo a linguagem tende a se adaptar, a poesia passa a ser a concretização dos pensamentos e sonhos mais íntimos de seu autor, já não existe o certo e o errado, o feio ou o bonito, a estética poética praticamente desapareceu.
Com o advento das novas tecnologias, a poesia que lentamente morria resurge de forma sagaz.
  
A internet possibilitou a poesia tornar-se algo mundial, hoje já não podemos dizer que existe a poesia brasileira ou a poesia argentina; a internet possibilitou uma interação entre os autores que acabam por trocar experiências e influenciar diretamente a obra de seus conterrâneos, há uma unificação, representada das mais distintas maneiras, no mundo virtual não existem fronteiras e barreiras físicas.
As palavras e versos que antes se eternizavam em livros, agora se eternizam em portais virtuais, as novas tecnologias possibilitaram uma ampla divulgação, vários autores que antes passavam anos guardando seus poemas na gaveta, devido as dificuldades em se contactar com as editoras ou as dificuldades financeiras, agora podem revelar ao mundo suas obras; os autores veteranos também se beneficiam, pois mais pessoas leem seus trabalhos, é mais fácil e rápido ter acesso aos conteúdos literários através do computador.
Mais do que difundir a velha e serena poesia, a rede mundial de computadores provou que a poesia ainda é rentável, demonstrou um numero crescente de novos poetas que cada vez mais cedo se sobressaem no universo literário.
  Paulo Leminski, certamente será um dos ícones de nossa era contemporânea, devido ao seu estilo de vanguarda que mistura em sua obra características do barroco, concretismo, classicismo e, sobretudo modernismo, fazendo sempre questionamento e reflexões.
Atualmente, vemos na mídia nomes como o de Angélica Freitas, que demonstra em sua obra ironia e o humor escrachado, ao abordar em seus poemas principalmente a essência feminina.
Outra autora, cuja obra é bastante comentada atualmente é Ana Martins Marques, seu estilo prosaico que muitas vezes utiliza o coloquialismo, chega a ser comparado ao estilo de Adélia Prado.


Entretanto, falar em um grupo de poetas que se destacam ou em um poeta especifico é quase impossível no atual cenário da poesia contemporânea, há muitos poetas e muitos estilos diferentes, que acabam por atrair subgrupos específicos de leitores.
Existe uma grande dificuldade em analisar a obra como um todo, visto que a poesia contemporânea acaba por misturar todas as tendências e estilos literários, ela recria o passado e o transforma dando- lhe uma roupagem atual.
Somente o tempo poderá traçar diretrizes e demonstrar o caminho da literatura brasileira, sobretudo o caminho da poesia.
Vários autores ainda irão emergir e de forma significativa irão deixar sua contribuição na poesia contemporânea, podendo inclusive surgir poetas cujos versos se comparem aos de Carlos Drummond de Andrade.




sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

SAÚDO AS ARTES ! Dalva Saudo: Livro de Lúcia Narbot Acadêmica da ANLPPB > Uma ...

SAÚDO AS ARTES ! Dalva Saudo: Livro de Lúcia Narbot Acadêmica da ANLPPB > Uma ...

A POESIA CONTEMPORÂNEA NO BRASIL POR CLAUDIO POETA

       A Poesia Contemporânea no Brasil

        A internet mudou todo o quadro da poesia contemporânea brasileira. Podemos mesmo separar em antes e depois dela. Está havendo uma explosão de poetas de todos os tipos, de todos os estilos. Nem sempre abraçando as regras da língua, mas o importante, o fundamental, o que pode mudar tudo é que as pessoas estão começando a se manifestar liricamente. Não importa se com erros, ou não. O que conta é que estão se investigando, estão consultando seus interiores para escrever.
        Eu mesmo sou um produto da internet. Sem ela, não teria me profissionalizado e publicado cinco livros e participado de uma dezena de antologias. Confesso que me surpreendi com o volume de escritores, de poetas, que foram revelados por esse processo. Tantas formas novas e diferentes de navegar em lirismo, realmente, é animador. Dá esperança em todos os sentidos.
        Não acredito que os e-books anulem os livros de papel. Estes sempre terão espaço, até por tudo que significam na história da humanidade. O cheiro de livro novo é apaixonante e sempre será. Quem já teve um livro como amigo, como companheiro,jamais se esquecerá.
        Neste caldeirão de diversidades, atualmente, pode-se encontrar exatamente o que se está querendo ou precisando ler. Creio ser isto, inédito. Nunca foi tão fácil o acesso à poesia. Os saraus se multiplicam. Devagarzinho mais e mais almas estão se refestelando no lírico. O que se precisa, urgentemente, é remodelar a educação para fortalecer, elevar o padrão dos versos. Enfim, todas as possibilidades estão abertas no universo da poesia. O que é excelente e fundamental para o processo evolutivo da humanidade.

        Criei um novo tipo de poesia: Poesia Holística! É a poesia voltada especificamente, exclusivamente, para a evolução humana. Nada de chororôs, abandonos, ou qualquer outra manifestação do negativo. É a poesia que quando aponta, aborda um problema, junto apresenta uma possível saída. Um duro golpe nos tentáculos da tristeza. Embora seja individual é toda voltada para o coletivo. Para o Bem coletivo! Expressa as tendências e necessidades da Nova Era.

       Dentre os inúmeros tipos de versos que circulam atualmente, alguns chamaram-me a atenção, como os de Jorge José da Silva, o Jorge Poeta, que se autointitula repentista. Um carioca repentista. Sua alma é absolutamente lírica, o que o torna, irremediavelmente, em um poeta. Ele gosta de versejar sobre o amor, a conquista, a sedução. Escreve também sobre o geral do dia a dia, sempre com seu estilo tão autoral. Confiram:

NO QUE ESCREVO...
DESCREVO...
MEU COTIDIANO...
SEM TRAÇAR UM PLANO...
COMENTO O INTERIOR DE NÓS...
DANDO VOZ...
A QUEM ME LÊ...
PROVOCANDO...
QUE TODOS ESCREVAM...
SONHO COM UM MUNDO DE POETAS...

       x-x-x-x

O AMOR QUE AQUI TE PASSO...
SEGUE OS PASSOS...
DA RAZÃO...
CANTANDO NO COMPASSO...
UMA CANÇÃO DE SEDUÇÃO...

       x-x-x-x

MÃE D'ÁGUA...
LEVA A MINHA DOR...
PRAS ONDAS DO MAR...
POIS TUDO QUE QUERO...
É VIVER DE AMAR...


        Outro talento, este beeeeeeeeeem jovem, é o poeta Dija Darkdija - Dijavan Luis - Um garoto fantástico, inteligentíssimo, sensibilíssimo e talentosíssimo. Veio pra ficar. Nasceu pronto! Um diamante lá de João Pessoa - Paraíba! Inventou a arte da viajosidade, que é a arte de viajar em lirismo. Confiram:


não decoro poemas
só decoto palavras
de.co(r)te em de.co(r)te
faço umas colchas poéticas
de retalhos de sentidos

Dija Darkdija


minha vó me ensinou
a costurar retalhos
pra fazer lençol
de cobrir a cama

o teu neto aprendeu vó
mas não deu
só gosto de costurar palavras
de cobrir a cama do coração

Dija Darkdija


PAIXÃO PORTUGUESA

qu est peixão
pr quem tainho paixão
caia na minha red

que seu chorar de alagria
mat meu mar d sed!

Dija Darkdija


       Minha última indicação é de uma competência assustadora. Imaginem uma escritora, uma poetisa, que sabe exatamente o que não quer! Uma alma inconformada com a brutalidade sem sentido da atualidade. Seu olhar crítico é adequadamente severo. A profundidade em sua obra é celestial. Sua paixão pela natureza é visceral. Aliás, como é toda sua belíssima e já longa obra. Estou falando de Ana Bailune !!! De Petrópolis para o Mundo!!! Confirmem:

Água Para um Poema

Morre tão seco o poema,
Pois já não mata-lhe a sede
A tinta daquela pena!...
Morre, silencioso e frio,
Morre sem brio ou verdade,
No abismo imenso do vazio
Morre sem qualquer saudade!

-Tragam água para o poema,
Antes que seja tarde!
Parte-se ao meio a palavra,
Ardem as chamas da pira
Na qual ele queimará...

Entram e saem de cena
O poeta e seu poema,
Tentando aplacar uma sede
Que lhe fere feito adaga,

Tentando exprimir uma dor,
Quem sabe, conter uma mágoa...
-Água para um poema,
Tragam água, tragam água!...

A noite o cobre de negro
Abraça-lhe, diz-lhe um segredo;
E o poema agonizante
Resiste ao terrível degredo
Que o poeta lhe impôs
Por pena, por dó ou por medo...
-Tragam-lhe um copo de água,
Que amenize o vil enredo!

-Água para um poema,
Que morre ao nascer do dia,
Entre rimas de agonia,
Assim que desponta o sol!

Entre as fendas dos olhos cansados
O poema enxerga um troll
Como um monstro que dançasse
Uma giga ao arrebol...

Por isso, morre o poema,
De uma sede inacessível
A qualquer água ou refresco
De alucinação terrível!

-Água para o poema,
Tragam água, tragam água!...
Que ele siga tranquilo
Para sua nova casa!


    x-x-x-x


Cavalo de Troia

Não há como apagar
O que está guardado
Em todas as nuvens,
Em todas as mídias
Dispositivos móveis e imóveis,
E foi impresso em papéis,
Circula no sangue,
Ecoa nos ouvidos...

É perda de tempo
Querer negar o que se deu,
Espalhar vírus perigosos e mortais,
Querer fingir que já passou,
Ou que jamais aconteceu!

Também descansam na mente
As provas daquela história,
E mesmo que o vento as leve,
Sempre ficarão os traços,
Resíduos armazenados
No HD da memória!

De nada adianta
Tentar apagar,
Invadir os espaços
Brandindo espadas,
Montado em cavalos de Tróia!

Pois esta,
É a nossa história.

      x-x-x-x

Lava

Não há como apagar
O que está guardado
Em todas as nuvens,
Em todas as mídias
Dispositivos móveis e imóveis,
E foi impresso em papéis,
Circula no sangue,
Ecoa nos ouvidos...

É perda de tempo
Querer negar o que se deu,
Espalhar vírus perigosos e mortais,
Querer fingir que já passou,
Ou que jamais aconteceu!

Também descansam na mente
As provas daquela história,
E mesmo que o vento as leve,
Sempre ficarão os traços,
Resíduos armazenados
No HD da memória!

De nada adianta
Tentar apagar,
Invadir os espaços
Brandindo espadas,
Montado em cavalos de Troia!

Pois esta,
É a nossa história.


       A Poesia Contemporânea no Brasil

        A internet mudou todo o quadro da poesia contemporânea brasileira. Podemos mesmo separar em antes e depois dela. Está havendo uma explosão de poetas de todos os tipos, de todos os estilos. Nem sempre abraçando as regras da língua, mas o importante, o fundamental, o que pode mudar tudo é que as pessoas estão começando a se manifestar liricamente. Não importa se com erros, ou não. O que conta é que estão se investigando, estão consultando seus interiores para escrever.
        Eu mesmo sou um produto da internet. Sem ela, não teria me profissionalizado e publicado cinco livros e participado de uma dezena de antologias. Confesso que me surpreendi com o volume de escritores, de poetas, que foram revelados por esse processo. Tantas formas novas e diferentes de navegar em lirismo, realmente, é animador. Dá esperança em todos os sentidos.
        Não acredito que os e-books anulem os livros de papel. Estes sempre terão espaço, até por tudo que significam na história da humanidade. O cheiro de livro novo é apaixonante e sempre será. Quem já teve um livro como amigo, como companheiro,jamais se esquecerá.
        Neste caldeirão de diversidades, atualmente, pode-se encontrar exatamente o que se está querendo ou precisando ler. Creio ser isto, inédito. Nunca foi tão fácil o acesso à poesia. Os saraus se multiplicam. Devagarzinho mais e mais almas estão se refestelando no lírico. O que se precisa, urgentemente, é remodelar a educação para fortalecer, elevar o padrão dos versos. Enfim, todas as possibilidades estão abertas no universo da poesia. O que é excelente e fundamental para o processo evolutivo da humanidade.

        Criei um novo tipo de poesia: Poesia Holística! É a poesia voltada especificamente, exclusivamente, para a evolução humana. Nada de chororôs, abandonos, ou qualquer outra manifestação do negativo. É a poesia que quando aponta, aborda um problema, junto apresenta uma possível saída. Um duro golpe nos tentáculos da tristeza. Embora seja individual é toda voltada para o coletivo. Para o Bem coletivo! Expressa as tendências e necessidades da Nova Era.

       Dentre os inúmeros tipos de versos que circulam atualmente, alguns chamaram-me a atenção, como os de Jorge José da Silva, o Jorge Poeta, que se autointitula repentista. Um carioca repentista. Sua alma é absolutamente lírica, o que o torna, irremediavelmente, em um poeta. Ele gosta de versejar sobre o amor, a conquista, a sedução. Escreve também sobre o geral do dia a dia, sempre com seu estilo tão autoral. Confiram:

NO QUE ESCREVO...
DESCREVO...
MEU COTIDIANO...
SEM TRAÇAR UM PLANO...
COMENTO O INTERIOR DE NÓS...
DANDO VOZ...
A QUEM ME LÊ...
PROVOCANDO...
QUE TODOS ESCREVAM...
SONHO COM UM MUNDO DE POETAS...

       x-x-x-x

O AMOR QUE AQUI TE PASSO...
SEGUE OS PASSOS...
DA RAZÃO...
CANTANDO NO COMPASSO...
UMA CANÇÃO DE SEDUÇÃO...

       x-x-x-x

MÃE D'ÁGUA...
LEVA A MINHA DOR...
PRAS ONDAS DO MAR...
POIS TUDO QUE QUERO...
É VIVER DE AMAR...


        Outro talento, este beeeeeeeeeem jovem, é o poeta Dija Darkdija - Dijavan Luis - Um garoto fantástico, inteligentíssimo, sensibilíssimo e talentosíssimo. Veio pra ficar. Nasceu pronto! Um diamante lá de João Pessoa - Paraíba! Inventou a arte da viajosidade, que é a arte de viajar em lirismo. Confiram:


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Dija Darkdija


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mas não deu
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de cobrir a cama do coração

Dija Darkdija


PAIXÃO PORTUGUESA

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caia na minha red

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mat meu mar d sed!

Dija Darkdija


       Minha última indicação é de uma competência assustadora. Imaginem uma escritora, uma poetisa, que sabe exatamente o que não quer! Uma alma inconformada com a brutalidade sem sentido da atualidade. Seu olhar crítico é adequadamente severo. A profundidade em sua obra é celestial. Sua paixão pela natureza é visceral. Aliás, como é toda sua belíssima e já longa obra. Estou falando de Ana Bailune !!! De Petrópolis para o Mundo!!! Confirmem:

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Morre tão seco o poema,
Pois já não mata-lhe a sede
A tinta daquela pena!...
Morre, silencioso e frio,
Morre sem brio ou verdade,
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Morre sem qualquer saudade!

-Tragam água para o poema,
Antes que seja tarde!
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Ardem as chamas da pira
Na qual ele queimará...

Entram e saem de cena
O poeta e seu poema,
Tentando aplacar uma sede
Que lhe fere feito adaga,

Tentando exprimir uma dor,
Quem sabe, conter uma mágoa...
-Água para um poema,
Tragam água, tragam água!...

A noite o cobre de negro
Abraça-lhe, diz-lhe um segredo;
E o poema agonizante
Resiste ao terrível degredo
Que o poeta lhe impôs
Por pena, por dó ou por medo...
-Tragam-lhe um copo de água,
Que amenize o vil enredo!

-Água para um poema,
Que morre ao nascer do dia,
Entre rimas de agonia,
Assim que desponta o sol!

Entre as fendas dos olhos cansados
O poema enxerga um troll
Como um monstro que dançasse
Uma giga ao arrebol...

Por isso, morre o poema,
De uma sede inacessível
A qualquer água ou refresco
De alucinação terrível!

-Água para o poema,
Tragam água, tragam água!...
Que ele siga tranquilo
Para sua nova casa!


    x-x-x-x


Cavalo de Troia

Não há como apagar
O que está guardado
Em todas as nuvens,
Em todas as mídias
Dispositivos móveis e imóveis,
E foi impresso em papéis,
Circula no sangue,
Ecoa nos ouvidos...

É perda de tempo
Querer negar o que se deu,
Espalhar vírus perigosos e mortais,
Querer fingir que já passou,
Ou que jamais aconteceu!

Também descansam na mente
As provas daquela história,
E mesmo que o vento as leve,
Sempre ficarão os traços,
Resíduos armazenados
No HD da memória!

De nada adianta
Tentar apagar,
Invadir os espaços
Brandindo espadas,
Montado em cavalos de Tróia!

Pois esta,
É a nossa história.

      x-x-x-x

Lava

Não há como apagar
O que está guardado
Em todas as nuvens,
Em todas as mídias
Dispositivos móveis e imóveis,
E foi impresso em papéis,
Circula no sangue,
Ecoa nos ouvidos...

É perda de tempo
Querer negar o que se deu,
Espalhar vírus perigosos e mortais,
Querer fingir que já passou,
Ou que jamais aconteceu!

Também descansam na mente
As provas daquela história,
E mesmo que o vento as leve,
Sempre ficarão os traços,
Resíduos armazenados
No HD da memória!

De nada adianta
Tentar apagar,
Invadir os espaços
Brandindo espadas,
Montado em cavalos de Troia!

Pois esta,
É a nossa história.