segunda-feira, 24 de março de 2014

SEDE ( POESIA COLETIVA) 22 de Março DIA MUNDIAL DA ÁGUA











Sequei!
Assim como secaremos todos
-negligentes que somos-
Sem lágrimas para chorar os desenganos
Sem água para transbordamos a vida.

Aline Romariz

Abundantes lágrimas
de dor
tombadas dos olhos
secam a alma.
E a negligência 
- humana?
seca a fonte da vida.

Lu Narbot

És como um riacho de água cristalina,
Quando em dia chuvoso estiver marolando em
Margens oceânicas...
Contemplá-la-ei a gotejar pelo imenso mar.
Vendo-a deslizar montanha abaixo,
Construirei diques para contê-la.
Ajuntarei na relva orvalhada gota por gota,
Até transformá-la novamente em um riacho de água cristalina.

José Luiz Pires

Cristalinos como a idealizada verdade
são os nossos muitos desenganos
e apesar de investirmos em tantos planos
volta e meia a sequidão nos invade
Água, água, água, precisamos de água para aplacar o fogo insano
que nos consome até a intimidade
Água, água, água, precisamos de água
nem que seja de poço artesiano
para saciar a sede que em nós tanto arde

Tércio Sthal



Nas águas me deságuo
Misturando minhas lágrimas
Pois, de tanto chorar,
Sequei-me
E um rio formou-se 
De tantas mágoas.

Lin Quintino


já não sei mais o que pensar…

são lagrimas cristalinas lavando a alma 

e semeando a terra com poemas e letrinhas

Marisa Gonçalves de Almeida Santos


Mágoas sufocadas
indigestas
secas, desidratadas
quero água, água
esta sede ainda me mata.


 Vera Margutti

Incolor e inodora
Cai da face de quem chora
Na alegria e na dor,
Significado de vida.
Resultado de amor.

Ivany Fulini Sversuti


Sequei… 
Sedenta fiquei, triste arrebentei fileiras, 
erosões profundas, em terra ardente. 
Status de morte! 
Eis que de súbito uma corrente de ar, mais fria, 
ventos uivando, derreto-me pelas vertentes de erosão do morro seco 
e me lanço em ondas de choque com águas que se precipitam rio abaixo, 
transformo o nada do deserto em terra verde… 
Sou o sangue da Terra! Sou água!

Liz Rabello

Sem água não poderemos ficar 
Eis a angústia de minha preocupação 
Lamento pelos tolos alienados 
E pelas águas que se esvaem pelas mãos.

Rosana Nóbrega


Sem água seremos pó… 
Outrora abundante e nós cegueira.
Sem inconsciência e abusos teremos tempo?
Sem ela erosão e desengano
Sem sua fonte a jorrar onde ficará a poesia?

 Teresa Azevedo

Na tempestade que varre nosso terreiro
vais levando sonhos por inteiro
e balançando águas turbulentas
e o barco vai,sendo levado em meio a procelas e tormentas

Ismael Rocha


Sem as águas das nascentes cristalinas
 Dos riachos fecundados nos rios estendidos
Seremos um planeta em triste sina
Árido sem a pujança deste liquido sofrido
O que fazer agora se o tempo chegou ao fim?
Nosso versos perdem o encanto? 
As flores do campo, a rosa e o jasmim
deixarão de acalentar o meu pranto!

 Dilce Nery Toledo

domingo, 2 de março de 2014

SERENATA



do alto do morro, descendo a ladeira
lá vai ele, disfarçando a bebedeira
cambaleando, vai mamado, escorregando,
com o litro de pinga na mão,
encantado, vai chumbado, sai cantando,
na mão uma rosa branca e um violão.
encosta aqui, sapateia lá,
ensaia um verso bem rimado,
lamenta, chora, cai no chão...

Adélia, estrela, musa daquele sertão,
o sorriso doce da lembrança amarga,
o beijo marcado naquele portão,
com tranca, cadeado, envelhecido,
em sonhos, segue insólito, enternecido,
consumido pelo delírio da traição.

Adélia, brisa leve, mel de jataí, furacão
indócil , descontente, desestima.
tenta fazer versos, balbucia rimas,
queria ser poeta, compositor, mas cambrela...

Adélia, pura, majestosa e bela,
o olhar de desprezo na janela
a serenata cessa, muda, entristecida,
a rosa branca, murcha, despetalada...
a vida não vale mais nada,
hoje só por pirraça,
vou trocar Adélia por um copo de cachaça.


Geraldo José Sant´Anna
http://profgeraldojsantanna.blogspot.com